Gary Webb recebe o bastão de mando de Al Giordano
Gary Webb une-se ao Narco News como editor convidado
Giordano vai pela América: "Agora existem as condições para uma revolução autêntica contra a tirania da mídia comercial"
Por Al Giordano
Publisher On Sabbatical
3 de março 2003
Don Andrés e as Autênticas
Foto D.R. Noah Friedman-Rudovsky 2003
ILHA MULHERES, MÉXICO; 20 DE FEVEREIRO DE 2003: No telhado da construção mais alta da caribenha Ilha das Mulheres, o bastão da liderança do Narco News foi passado na última quinta feira para o jornalista autêntico Gary Webb.
Gary Webb, o homem que rompeu com a simulação da guerra das drogas expondo a cumplicidade do governo Norte Americano com o narcotráfico na série Alianaças Negras: A CIA, os contras e a explosão do Crack e da Cocaína, estará a cargo de minhas funções editoriais no Narco News, a partir de agora até o próximo dia 15 de abril.
Mais sobre essa nova adição ao time em um momento: Primeiro, caro leitor, voltemos quele telhado na Ilha Mulheres na quinta feira pela manhã quando os 26 autênticos estudantes e seus professores despediram-se – por enquanto – após dez intensos dias a e noites de trabalho conjunto.
World Wide Webb:
Jornalistas como revolucionários
“Um jornalista,” O Webb de 48 anos de idade disse aos 26 autênticos estudantes e seus professores naquele telhado sobre o mar do caribe “é e deve ser revolucionário”.
Era a última manhã de 240 horas da maratona que foi a Escola de Jornalismo Autêntico do Narco News. Um pássaro deslizou com desenvoltura sobre nosso círculo, passando entre o sol quente de meio dia e Don Andrés Vasquez de Santiago, nosso membro mais velho com 93 anos, abriu nossa sessão final agradeçendo “ s pessoas jovens de tantos lugares que trabalharam tão duro” nesses dez dias na península mexicana de Yucatán.
Don Andrés então passou adiante o bastão de mando, o mesmo que Abbie Hoffman usou nos nove últimos meses de sua vida, até abril de 1989, por todos presentes no círuclo dos jornalistas autênticos. A viúva de Abbie, Johanna Lawrenson, me deu de presente o bastão depois da morte de Abbie. O bastão passou de mão em mão para que cada um pudesse falar suas palavras e para que – no espírito do jornalismo autêntico – todas as vozes pudessem ser ouvidas.
Quando o bastão havia completado todo o círculo e encontrava- se novamente em minhas mãos olhei para aquelas águas de cor turquesa que rodeavam os oito kilômetros dessa ilha e também de toda península – o mesmo mar em que lanchas colombianas carregando 1 tonelada e meia de cocaína cada continuam chegando na noite com contrabando – e expliquei que meu professor que uma vez andara com aquele bastão e que havia tirado sua própria vida, talvez houvesse feito isso devido solidão de ser um revolucionário em tempos pré revolucionários.
“Iria dizer que Abbie deveria ter estado aqui essa semana, ele tereia adorado esses dez dias,” pensei alto, arranhando a madeira que desgastou-se com o passar desses 14 anos s vezes devido ao aperto desesperado de meus dedos calejados. Um lágrima rolou: “Mas agora entendo. Abbie está aqui, novamente no México. Abbie Hoffman, presente!”
O isolamento de Abbie, como o de todos os revolucionários, é o mesmo que senti muitas vezes sentando em frente tela de meu computador em algum lugar desse país chamado América, durante os três últimos anos, ou quando fui processado em Nova Iorque por narco-banqueiros e tive que me virar para defender-me, ou especialmente quando senti, de vez em quando, uma fome crescente de comida e, sempre, essa sede por justiça e por verdade, que tornaram-se tão raras nessa seca de autenticidade forjada pela mídia comercial e suas máquinas de simulação.
Adoro meus momentos no campo pelo Narco News, reportando, escutando,aprendendo… mas confesso que tenho odiado ficar sentando por horas com os olhos fixos em alguns pixels, digitando como um pica pau.
Desde quinta feira passada senti o cheiro da liberdade no ar salgado de Quintana Roo. Foi então que soube, pela primeira vez, que o navio do Jornalismo Auêntico estava agora construído e que poderia navegar seguramente sem mim. Não poderia estar em melhores mãos nas próximas semanas quando sair de cena, deixar a tela desse computador e ir procurar, assim como fiz há seis anos, por noticias, novidades, diretamente do povo, com meus pés na terra, sem meios ou intermediários – ou sem suas tecnologias de dominação – que intervém nas notícias e em mim.
Do outro lado do círculo, a colombiana, Laura del Castillo Matamoros, 22, segurou o bastão e explicou, “Quando cheguei aqui, admito, estava envergonhada de ser uma jornalista. Nunca havia imaginado em toda minha vida que poderia participar de um evento assim, que poderia aprender tanto de tão talentosos jornalistas como Luis Gómez e todos vocês que me fizeram sentir orgulho de ser jornaista novamente.”
Laura del Castillo e Luis Gómez
Fotos D.R. Jeremy Bigwood 2003
Luis Gómez, 36, tem sido um dos arquitetos desse jornal online “reportando sobre a guerra das drogas e a democracia da América Latina,” por mais de um ano: esse meu afiado e duro, inteligentíssimo, louco por trabalho, co-conspirador dessa que é a “redação” do Narco News. Gómez e eu, durante os últimos 15 meses, estivemos produzindo reportagem após reportagem, traduzindo um o trabalho do outro, e também passamos os três últimos meses falando com as lideranças das reformas da política das drogas, assim como com jornalistas na Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Ecuador, México, Peru, Venezuela, Estados Unidos e em outras terras, para que muitos deles finalmente viessem a Mérida, onde, muitos conheceram-se e colaboraram uns com os outros pela primeira vez entre os dias 12 e 15 de fevereiro. Um movimento panamericano de legalização das drogas nasceu semana passada, como pode ser visto e lido nas mais recentes matérias publicadas no Narco News.
Entretanto, ao segurar aquele bastão na quinta feira, até Luis, um sujeito genuinamente pensativo que – como os estudantes mais espertos descobriram rapidamente – teve a tarefa de ser o policial durante esses dez dias de faculdade móvel, para que, por outro lado, eu pudesse ser o cara legal, parou durante sua fala (Luis estava falando no telhado algo sobre os bebês escopião que comem sua mãe para sobreviver… e se entendi o que ele quiz dizer, acho que o escorpião mãe ao qual ele se referia nessa metáfora era eu… colheita Goméz), Luis parou silenciosamente e não pode tirar aquele sorriso de Grinch no natal que saia de seu rosto com barba por fazer.
Sorriu para alguns dos estudantes que tinha guiado pessoalmente: jovens como Reed Lindsay, 27, que anunciou, com bastão na mão, que em seu retorno para casa em Buenos Aires iria parar em Cochabamba, Bolívia – como o convidado de nosso estudante mais velho, Alex Contreras, 39, uma poderosa força mentora no corpo estudantil – para fazer reportagens da região dos plantadores de coca, o Chapare, que fica na borda da floresta Amazônica.
(“O Reed está em Cochabamba,” Contreras me escreverá no dia primeiro de março. “Ontem pela manhã fomos uma plantação de coca com os cultivadores, ao meio dia lanchamos com o líder dos trabalhadores Oscar Olivera, e agora Reed está na região do Chapare. Amanhã vamos Oruro, passar por onde foi criado Evo Morales com o mesmo líder dos trabalhadores. Acho que esse apoio que sugiu entre os 26 estudantes é importante para nosso continente. Obrigado por todos seus ensinamentos e seus exemplos, um grande abraço da Bolívia, Alex”.)
Alex Contreras e Reed Lindsay
Fotos D.R. Jeremy Bigwood 2003
Outro pupilo de Luis, Adam Saytanides, 32, recentemente graduado pela Universidade de Jornalismo de Medill parte da Universidade Northwestern de Chicago, acabou de saber que na próxima semana ele terá sua primeira matéria de capa publicada no prestigiado The Chicago Reader. Ele e outros estudantes fizeram parte do grupo de trabalho de jornalismo investigativo, durante esses dez dias em Yucatán, liderado por Garry Webb, Luis Gómez, Jeremy Bigwood, Maria Botey Pascual, Renato Rovai, Kim Alphandary, e outros membros de nossa faculdade. Agora, Gómez deixa-os perdidos – seu bando de bebês escorpião, eu sorrio para mim mesmo – em um mundo que nunca será o mesmo depois disso.
Apresentei Gómez a Webb, no primeiro dos dez dias no aeroporto internacional de Cancún, e eles já são um time e tanto. O show de Giordano agora dá espaço para a dupla Gary e Luis liderar. Algumas das brasileiras deram um apelido que colou em Webb: “Ele é o Marlboro Man do jornalismo autêntico,” dizem as gatas… ele é alto e bonitão, carismático, e aí vai uma colher de chá; Gary Webb é parte italiano, o que pode explicar em parte seu jeito rude quando as forças do falso jornalismo tentaram tirá-lo dessa indústria, destruí-lo pelo crime de ter relatado a verdade. Os simuladores profissionais tentaram em vão – agora é oficial, assim hablaba Narco News – tirar Webb do jogo.
Gary Webb: As autênticas brasileiras
chamram-o de “Marlboro Man”
Foto D.R. Jeremy Bigwood 2003
O retorno do garotão do Jornalismo Autêntico, Gary Webb, está aqui, agora, na redação do Narco News: Fuerte aplauso, chicos y chicas!
Webb terá agora, em parceria com Gómez, as chaves do navio de guerra do Narco News, entreguei o total controle editorial equipe Webb e Gómez até o dia 15 de abril, enquanto vou nos próximos dias para minha caminhada pela América do Sul.
Como sabem os leitores do Narco News, durante o natal passado pedi para que nos ajudassem a recrutar um novo repórter em tempo integral para cobrir a guerra das drogas. E assim é, sem esquecer de agradecer a todos pelo apoio, fui capaz de escolher o melhor. E Webb é somente uma das novas contratações do time.
“Outra boa escolha,” afirmou o advogado do Narco News, Tom Lesser, em sua característica compreensão, quem também esteve aqui conosco em Yucatán ensinando as leis do direito, assim como falando do processo de difamação do Narco News contra o Banamex e os precedentes do caso em um curso intitulado: “Como não ser processado, e como ganhar caso você seja processado por difamação.”
Tom Lesser e Renato Rovai
Fotos D.R. Jeremy Bigwood 2003
Renato Rovai, o editor da revista brasileira Forum, que editou muitas das matérias que foram publicadas em português no Narco News nos últimos dez dias, pegou o bastão e disse, “Há alguns anos, os revolcionários encontravam-se para aprender a utilizar armas. Hoje nos encontramos para aprender como utilizar o computador, as câmeras, os gravadores e as palavras.”
Na quinta feira dia 20 de fevereiro de 2003, um exército rebelde de jornalistas autênticos está preparado, armado, e agora marcha para os quatro cantos da América.
10 de fevereiro, Puerto Morelos:
Nasce uma escola
A tarefa de trazer diversos jornalistas de vários países com sete distintas línguas – a língua pátria dos participantes incluía espanhol, português, inglês, francês, italiano, catalão e o Otomi-Nahñü de don Andres – foi definitivamente um desafio para aqueles que se aprentaram na primeira noite, dia 10 de feveriro, na vila de pescadores de Puerto Morelos, ao sul de Cancún, onde dormimos.
Trouxemos professores, como eu, que sentem que trabalhar para os meios comerciais é já uma tensão repleta de risco e melhor fazer nossa própria mídia que sofrer com as punhaladas da mídia corrupta. Touxemos também professores como Annie Harrison da Califórnia e de Sarah de Haro – que cobriu a Conferência sobre a legalizacão da Droga em Mérida para o Le Monde Diplomatíque de Paris – que, num contraponto pluralista, relataram aos estudantes como manter a dignidade e ter sucesso ao trabalhar dentro das mídia já estabelecida.
Annie Harrison com sua licença médica da Cidade de
San Francisco para fumar maconha; Jonh Gilmore também com sua
licença médica para fumar maconha, em Tixkokob, Yucatán.
Foto D.R. Jeremy Bigwood 2003
Lembrem-se, caros leitores, que a Escola de Jornalismo Autêntico do Narco News quebrou intencionalmente e irrevogavelmente as regras da academia. Nenhum dos estudantes pagou pela orientação. Os professores não foram pagos, e, de fato, a grande maioria pagou por seus próprios custos para chegar ao México e ter o privilégio de ensinar tão brilhantes estudantes. Nós não tivemos nada de nota, nada de disciplinários, nada de burlar o sistema… nenhuma relação de poder dos professores sob os estudantes, com exceção da força da personalidade e da experiência, isso foi tudo.
Basicamente detesto tudo que “uma instrução mais elevada” apoia, porque sinto que seu objetivo é transformar estudantes em consumidores e vendedores de produtos, inclusive consumidores de sua própria “instrução,” e que o sistema universitário não ajuda em nada os jovens a dar-se conta de seus próprios talentos e a realizarem seus próprios sonhos. De fato, escolhi muitos estudantes para esta escola que, assim como eu, não são formados, mas, que são ultra graduados na escola da vida.
Estas pessoas – os autodidatas – viveram e aprenderam algo que não é ensinado nas faculdades: a habilidade de ser uma pessoa de caráter. Mas pobre aquele que desperdiçou quatro anos em uma universidade e deve então gastar ainda mais tempo desaprendendo cada parte daquela formação que “aprendeu.” Muitas pessoas “educadas” esqueceram-se de como aprender, e o que eles “aprenderam” (ou melhor, o que foram programados para aceitar) agora têm que desaprender. É uma coisa de “classe”: Se você, caro leitor, tem dificuldade com este conceito, consulte um perito como, por exemplo… Eminem. Agora este tipo diferente de Escola de Jornalismo, de acordo com todos os envolvidos, é um sucesso tão grande, caros leitores, que os dados empíricos formulam: A Escola de Jornalismo Autêntico do Narco News vai – e deve – continuar.
Também tivemos diferenças políticas no campus. O reitor da faculdade jamais enviou disciplinários para evitar o dissenso. Sou um pluralista e convidei professores que discordam uns dos outros – e comigo – em assuntos básicos. No último domingo, uma discussão intitulada “O que é a democracia?” foi conduzida pelo pioneiro da internet John Gilmore, um capitalista libertário, e Raquel Gutiérrez Aguilar, colunista de A Jornada, uma ex-prisioneira política acusada de comandante do exército guerrilheiro Tupac Katari na Bolívia, onde passou cinco anos atrás das grades. A discussão fez com que todos falassem e pensassem e aquela foi uma das melhores sessões da escola.
Sara de Haro ( direita) fez a cobertura da Conferência
de Mérida para o Le Monde Diplomatique e depois
juntou-se Escola de Jornalismo Autêntico. Ava Salazar,
nossa estuante mais jovem, dirige-se conferência de
Legalização das Drogas em Mérida.
Fotos D.R. Jeremy Bigwood 2003
Na última segunda-feira pela noite, debatemos o problema Venezuelano da mídia comercial. Blanca Eekhout, da tevê Cátia de Caracas, e Charlie Hardy, o colunista de 63 anos do Vheadline.com, e Kim Alphandary, que deu o furo, ainda em fevereiro de 2002, de que uma tentativa de golpe de estado estava por vir na Venezuela, com nosso correspondente de moderador, discutimos tópicos como “o que é liberdade da imprensa?” e se alguma vez as pessoas podem ter justificativas para uma decisão democrática de revogar as concesões das estações comerciais de TV.
Uma outra falha na linha formação estava entre aqueles professores que acreditaram estar ensinando aos estudantes como trabalhar dentro da mídia comercial, e aqueles de nós que, como seu reitor, já rejeitaram-na totalmente (buscaríamos qualquer outra forma para ganhar a vida do que trabalhar com essa merda outra vez). Então na terça feira passada convidamos o veterano jornalista Jules Siegel, 67, que vive em Cancún. Após a descrição sarcástica de alguns incidents interessantes de mais de quarenta anos de luta contra os absurdos das organizações que variam do Westchester County Republican Committee revista Playboy, resumiu cuidadosamente, “se você quer se manter no cargo, faça apenas o que te dizem para fazer. Caso contrário pegue seu trabalho e publique-o você mesmo.” Jules sublinhou que se você trabalha para a mídia comercial, o parágrafo de sua matéria que encorpora o que você sente, ou seja, o parágrafo mais importante, será aquele quase sempre cortado pelos editores.
Então, nessa mesma noite de terça-feira, tivemos uma discussão com pessoas que atuam na mídia independente — Sunny Angulo e Adriana Veloso do IndyMedia, Stephen Marshall do Guerrilla News Network e Renato Rovai, da Revista brasileira Fórum – sobre como fazer sua própria mídia. Estas três noites – O que é democracia? Que é liberdade da imprensa? Faremos nossos próprios meios ou nós trabalharemos para meios comerciais? – foram noites de debate feroz, com seis ou dez mãos no ar ao mesmo tempo, maratonas em que quase todos queriam falar, e falaram. E isso era lindo, em minha opinião, porque um dos perigos os mais graves deste mundo ocorre quando as pessoas não se sentem motivadas para falar sobre o que lhes toca.
Na seguinte manhã, dia 19 de fevereiro, quarta-feira, Annie Harrison, que escreveu para, entre outros, o National Public Radio, junto com Sara de Haro do Le Monde Diplomatíque, Jeremy Bigwood (que sofreu de todas as fincadas possíveis por ser um fotojornalista profissional), e Reed Lindsay, que trabalhou na terrível versão em língua ingesa no agora defunto The News da Cidade do México, apresentaram-nos o outro lado da moeda: como superar chefes terríveis da mídia comercial e ainda fazer o que gosta.
Raquel Gutierrez e John Gilmore debatem “O Que é Democracia?”
Fotos D.R. Jeremy Bigwood 2003
Antes desse agora histórico encontro, Gómez e eu decidimos projetar os primeiros cinco dias da Escola de Jornalismo em uma sessão intensiva sobre a maratona de escrever – cobrindo a Conferência sobre a legalização das drogas ninguém teria tempo para diferenças políticas. Colocamos o mais puro ferro no fogo mais quente, impondo deadlines e conselheiros individuais sobre cada um dos estudantes para obter sólidos relatos e comentários sobre cada um dos participantes – líderes políticos e sociais de toda América – que seriam entrevistados extensivamente além de ter seus discursos cobertos.
Jeremy Bigwood, jornalista veterano de Washington DC e perito no uso da liberdade da informação, agiu para trazer documentos secretos do governo luz, foi o editor de fotografia do Narco News durante estes dez dias e mobilizou dúzias ou mais de fotógrafos com tal eficiência, que teremos arquivos fotográficos a publicar com nossas reportagens por anos. Gostaria de fazer um agradecimento público a Bigwood: Ele veio, fez o que se propôz, conquistou e nas próximas sessões da Escola de Jornalismo Autêntico, será sempre bem-vindo. Gosto das pessoas realizam suas tarefas, 24 horas por dia, de forma a ajudar para que outras tarefas realizem-se. Jeremy está na prateleira superior. Está dentro. E nas importais palavras do Salón Chingón, é cordialmente convidado.
Gostaria de agradecer equipe de 26 professores – nossos estudantes-professores que tiveram relação um a um – é uma aventura cheia de perigos porque sem dúvidas posso me esquecer da participação de alguém. O melhor que posso fazer é dizer quem me ajudou, diretamente, muito mais do que o que lhe era demandado. Antigos amigos meus como Tom Lesser, desde 1977, Libby Spencer, desde 1980, Michele Stoddard, desde 1982, Ethan Nadelmann, desde 1989, Annie Harrison, desde 1991… pessoas que ensinaram a mim e que agora ensinaram a meus estudantes também.
Um reconhecimento especial delegação de Nova Iorque é necessário. Duas pessoas vieram alguns dias antes para ajudar nas preparações e, ainda cedo, ajustaram o tom que manteve- me mais ou mais menos calmo e equilibrado durante os dez dias: Minha querida amiga Michele Stoddard, antiga editora e repórter do Covert Action Quarterly, que começou trabalhar em meu desenvolvimento ideológico quando era um garoto de 23 anos e, assim, pode jogar-se na pedagogia desta geração seguinte de estudantes com experiência e gosto. E fiquei absolutamente entusiasmado quando Annie Nocenti, editora da revista Scenario e autora dos quadrinhos do Batman para as publicações da DC, tirou alguns dias de folga de seu importante trabalho – seja o de levar Francis Ford Coppolla por Manhattan ou o de apresentar o músico David Byrne aos Zapatistas – o fato de ela ter vindo e dado a nossos estudantes com graça seu sabedoria entusiástica.
Cada estudante teve um conselheiro na faculdade. Nocenti treinou a estudante brasileira Ana Cernov com precisão e calor, e os resultados mostraram-se após alguns dias, ao desencadear o talento cru de Cernov e ajudando-lhe refiná-lo com espelendor. Os jornalistas nasceram durante esses dias, mas isso jamais teria acontecido se estivesse sozinho. A contribuição de Stoddard e de Nocenti, entre muitos outros professores, serve de modelo para a próxima Escola de Jornalismo Autêntico, e ajudaram assegurar que, sem dúvida alguma, haverá uma próxima vez.
Jeremy Bigwood com 12 cameras em volta do pescoço
Foto D.R. Noah Friedman-Rudovsky 2003
11 de fevereiro: de Cancún para Mérida
O Salón Chingón desperta
No primeiro dia de classe embarcamos no ônibus de 45 lugares do Narco News – não fumantes na parte dianteira, muito muito obrigado por sua tolerância – até o escritório do diário Por Esto! em Cancún, onde o editor Renán Castro e sua equipe, que descobriu em primeira mão, relataram e fotografaram as atividades de narcotráfico na propriedades do banqueiro Roberto Hernández Ramírez em 1996 – os repórteres Lisandro Coronado, Gabriel Santos Us Ake e o fotógrafo Gonzalo Subirats – contaram a história que houve por trás da reportagem que agitou o continente e o conduziu ao veredicto da corte suprema de Nova Iorque, em dezembro 2001, estendendo aos jornalistas da Internet as proteções da Primeira Emenda da constituição norte americana.
Renán Castro, Gonzálo Subirats, e Lisandro Coronado do Por Esto! em Cancún
Fotos do Castro e Coronado D.R. John Gilmore 2003
Foto do Subirats D.R. Jeremy Bigwood 2003
De volta ao ônibus, fizemos a viajem de 4 horas para Mérida.
Durante os quatro dias e noites em Mérida, ninguém dormiu muito. O constante bater dos teclados nos laptops podia ser ouvido em toda a extensão de nosso campus, o hotel Trinidad (agradecimentos especiais para Don Manolo Rivera, que desde Yucatán construiu sua fama por apoiar as artistas talentosos, proprietário do hotel Trinidad e do Hotel Trinidad Galeria, onde permanecemos durante quatro dias, também para Don Hernán Duarte, diretor do hotel Trinidad, Dona Silvia e a toda quela equipe de funcionários maravilhosos e profissionais, que fêz de nosso campus o oasis de Mérida), que fica abaixo da rua 62 perto de um internet café 24 horas e do Café la Habana.
Nosso lounge da Escola de Jornalismo Autêntico do Narco News – Salón Chingón – tinha como capitão nosso barman italiano Tiberio (o mesmo baran mencionado no grande sucesso do cinema mexicano do ano passado, “E sua Mãe Também”) e meu conselheiro Victor Amezcua, um nativo de Michoacan que me ajudou a construir este evento, transformou-se no centro da vida intelectual em Mérida durante aquelas noites. Tiberio e Victor serviram mojitos e caipirinhas – assim como um estoque de Coronas, Victorias, e das cervejas yucatecas León Negra e Montejo geladas – e uma sempre cheia garrafa de café, além das noites de pizzas, claro.
Tiberio e Victor
Fotos D.R. John Gilmore 2003
Frequentemente perguntam-me “o que é este Salón Chingón de que você sempre está falando e escrevendo?” Gosto ser vago respeito, em especial na Internet, porque o Salón Chingón é, intencionalmente, uma ameaça ao tempo consumido em frente a tela quando estamos online: o Salón Chingón, em minha opinião, é cada coisa da vida que acontece sem a interferência da mídia ou de intermediários entre as pessoas e seus desejos.
Salón Chingón é somente um nome – foi inventado por nossa Tina Modotti, a estudante de jornalismo autêntico Zabeth Flores, 22, da Cidade do México – como uma resposta ao capítulo final de “Os meios são os intermediários“, intitulado “Um salão Immedia.” É também, por definição, uma aventura colaborativa entre indivíduos, que agora dei para os 26 autênticos Jornalistas para que fizessem o que lhes der na telha, e disse nossos professores – e, mais importante, a mim mesmo – para permanecer afastado enquando os estudantes desnvolvem o projeto. Algo sobre o Salón Chingón é constante: o prazer principal é onipresente. Se ninguém está se divertindo, não é o Salón Chingón. Mas sem dúvida a vida foi ducaralho (chingónista) em Mérida e depois.
Zabeth Flores, autora das palavras “Salón Chingón”
Photo D.R. Jeremy Bigwood 2003
Na primeira manhã em Mérida, começamos com a apresentação intitulada “Escrevendo para o deadline: como escrever matérias com quem, o que, quando, onde, porque e como de forma clara, consciente e no mesmo dia.” O primeiro a apresentar-se foi Gary Webb, o veterano de muitos jornais diários, ganhador do prêmio Pulitzer, que enfrentou quatro processos por difamação, e de o que acontece com os jornalistas que dizem a verdade sobre poderosas instituições. Logo após Webb, a escritora e jornalista catalã Maria Botey Pascual – que havia trabalhado como correspondente para o diário Por Esto! na ilha de Cozumel, produzindo algo em torno de oito artigos diários- sobre o mesmo tema; enfim, sobre como cumprir um deadline e não perder sua alma.
Queríamos que nossos estudantes trabalhassem como nunca, para fazer a cobertura da Convenção de Mérida para nossos leitores em todo o mundo, e muitos haviam expressado seu medo e inexperiência em escrever notas curtas no estilo de relatórios diários de jornal. Mas Botey e Webb tiveram seu impacto:
Luis Gómez somente teve que abrir com um relatório – “Velocidade Clara” (Fiat Lux)- sobre o início das sessões da Escola de Jornalismo Autêntico, e eu não tive que pressionar nem mesmo um, porque os relatórios vieram rapidamente dos estudantes: As brasileiras foram as primeiras; Helena Klang e Karine Muller, relatando em português, Carola Mittrany em espanhol e Adriana Veloso relatando em inglês… reportando sobre o lançamento da cobertura tri lingue, adicionando agora o português s nossas reportagens em espanhol e em inglês.
As Auténticas do Brasil:
Adriana Veloso, Ana Cernov, Carola Mittrany, Helena Klang,
Karine Muller, e Vivian Mannheimer, com Renato Rovai (atrás)
Foto D.R. Noah Friedman-Rudovsky 2003
Então, assim que começou a Conferência de Mérida, um conflito explodiu na Bolívia. Um congressista e líder indígena desse país, Felipe Quispe “El Mallku” ou O Grande Príncipe Condor Aymara e de outras nações indígenas, que havia estado conosco por dois dias, um convidado da honra – com Alvaro García Linares de la Paz, a advogada Rose Marie Acha de Cochabamba, Raquel Gutiérrez Aguilar, e Don Andrés – em nosso almoço de 12 de fevereiro com o diretor do Por Esto! Mario Menéndez, perguntou se o Narco News poderia disseminar a notícia sobre o que ocorria para o mundo: o conflito havia resultado em 38 mortes, no incêndio de quatro edifícios governamentais, e renúncia do cabinete inteiro do presidente do país.
Traduzimos e publicamos, imediatamente, o comunicado do “El Mallku”, “Em Defesa da Vida e da Democracia,” em espanhol e em inglês, com reportagens sobre Quispe e o conflito escritas por Karine Muller e Alex Contreras, e também matérias aprofundadas sobre a situação da folha de coca na Bolívia por Reed Lindsay.
E agora, na Bolívia, um ano de reportagens intensivas veio tona: o governo boliviano, forçado pela vontade popular democrática, esteve, pela primeira vez, confrontando a embaixada dos Estados Unidos e permitirá que os fazendeiros plantem e colham um pequeno lote da folha da coca em cada fazenda, para o uso tradicional. Isto, também, aconteceu durante esses dez dias em fevereiro.
Felipe Quispe e Anthony Lappé
Fotos D.R. Jeremy Bigwood 2003
Enquanto isso, Veloso realizou uma entrevista com o editor do Guerrilha News Network Anthony Lappé, que também esteve conosco em Mérida, oferecendo uma oficina de vídeo documental, que culminou em um vídeo co-produzido por oito estudantes: cinco garotas do Brasil – Veloso, Mittrany, Klang, Muller e Cernov, também com Andrea Daugirdas de Nova Iorque, Zabeth Flores da Cidade do México e Ugo Vallauri de Bolonha, Itália. No meio dos dez dias da Escola de Jornalismo Autêntico, Lappé voltou a Nova Iorque e foi substituído por seu sócio Stephen Marshall, que realizou a oficina de edição e finalização do documentário sobre Jornalismo Autêntico, que contém entrevistas com Mario Menéndez do México, o advogado Tom Lesser de Massachusetts, Gary Webb da Califórnia e Blanca Eekhout da Venezuela – estreando logo na tela de seu computador e nos festivais de cinema perto de você.
12 de fevereiro: Mérida
O desolcamento do paradigma para jornalistas e a guerra das Drogas
Particularmente memorável entre as apresentações em Mérida foi a discussão noturna com Ethan Nadelmann do Drug Policy Alliance de Nova Iorque. Ethan continuou nossa discussão-entre-amigos que mantivemos de várias formas desde aproximadamente 1989, sobre se a legalização das drogas é possível nos Estados Unidos, ou se é preciso que, primeiramente, a América Latina desmorone desde sua raiz na guerra das drogas para somente então forçar ações desde o norte. Também seguimos com nosso debate de longo tempo sobre se é possível obter cobertura decente sobre a guerra das drogas em grandes instituições de mídia como o New York Times. Isso foi quando houve o primeiro grande deslocamento do paradigma.
Nessa essa sessão noturna – que começou as 22hs da primeira noite da Conferência de Mérida – minha voz estava falhando de ter que estar de uma vez dois eventos diferentes – a Escola de Jornalismo Autêntico e a Conferência mais ou menos bem-organizada sobre a Legalização das Drogas que aconteciam paralelamente. Ethan, sempre formidável e divertido como um parceiro de debates, levantava a mão durante a discussão enquanto minha voz enfraquecia a cada sentença que tentava falar. Outras antigos companheiros da reforma política das drogas como John Gilmore do Electronic Frontier Foundation, Eric Sterling da Criminal Justice Policy Foundation de Washington, Maria Mercedes Moreno da Mama Coca, e a eminência peruana da folha de coca Baldomero Caceres, olhavam, fascinados, pela discordância óbvia que ocorria ainda que em um espírito de solidariedade e aliança entre Nadelmann e eu. O Conceito de Giordano perdendo sua voz deve ter sido um tanto divertido também, estou certo.
Al Giordano e Ethan Nadelmann
Foto D.R. Jeremy Bigwood 2003
E então aconteceu: o primeiro dos estudantes da Escola de Jornalismo Autêntico que pegou suas prórpias intruções de jornalismo levantou a mão e começou a ensinar. Meu mudou neste momento, caro leitor, e talvez o seu também.
Blanca Eekhout, 33, coordenadora da tevê de Cátia em Caracas, Venezuela, uma jovem mulher que no último abril marchou com o povo para retomar a estação pública de televisão de um golpe militar, o ponto de ruptura na derrota desse ataque democracia, levantou-se e, traduzida por Ricardo Sala, 35, da Cidade do México, disse Ethan e ao resto do presentes porque os meios comerciais são estruturalmente incapazes de dizer a verdade.
Em outras palavras, o jornalismo mal feito por organizações de mídia massiva não é uma questão de erros: É intencional, institutional e feito por encomenda. E, como disse aquela noite em Mérida, é único obstáculo ou bloqueio em relaç o uma mudança sistemática sobre a guerra das drogas ou todo e qualquer outro tema em que El Senor Dictador, o Dinero, tem suas ávidas mãos.
“A mídia é um instrumento dos interesses econômicos,” explicou Eekhout, abrindo uma nova fronte estratégica para ambos o movimento de reforma sobre a da política das drogas e o renascimento do jornalismo autêntico. Então Blanca deu-me a abertura para comparar então o comportamento da mídia comercial nos Estados Unidos, em 1989, com anúncio da parceria de um milhão-dólares por dia para a campanha de uma América do Norte sem Drogas financiada por companhias farmacêuticas, do álcool e do tabaco, aos erros da mídia venezuelana no último abril: Este é seu cérebro, este é seu cérebro na mídia… Alguma pergunta?
Neste intenso palco internacional com os motores e os agitadores de tantas terras juntos com nossos estudantes, Blanca Eekhout demarcou as linhas. Se a mídia comercial roubou as ondas públicas do ar para excluir as vozes de muitos a favor somente do monopólio daqueles com dinheiro, então está na hora de confrontá-los diretamente, para dar armas população para lutar com câmeras de vídeo, gravadores e telefones celulares… para levantar todas as vozes.
Fiquei lá sentado com minha garganta seca e incapaz de falar em minha escala normal de volume e de oitavos… agora eu era, literalmente, um dos sem voz. E Blanca dava-me voz. Cada palavra que falou parecia ter saído de mim, no entanto, ela não havia retirado nenhuma dessas idéias de meus textos, ao contrário, ela viveu a experiência na pele na Venezuela com a mais antiga estação de tevê não comercial comunitária do país.
Blanca Eekhout
Foto D.R. Al Giordano 2003
Sei que meu velho amigo Ethan percebeu: Ele estava escutando com atenção esta força da natureza que ficou de pé com a mão na cintura, a seguir ajoelhando- se, em sua cadeira, trazendo uma mensagem com tal precisão e poder, e o pensamento me ocorreu: Em minha longa e solitária batalha lançada em 1997 com o manifesto “A mídia é o intermediário: Para uma revolta contra a mídia”, será que já não estava mais sozinho neste ponto de vista?
Inclusive mesmo os mais radicias “ativistas de mídia ” ou organizações de reforma que sempre pareceram-me pálidas e tímidas, em suas críticas, frequentemente respondendo ou sugando dos sistemas de dominação da mídia que pretendiam opôr-se. Mas Eekhout é algo mais: uma autêntica guerreira que não somente compreende que a mídia comercial é o comandante da nova tirania, mas que também desenvolveu meios de uma comunicação maciça e ações para desmoronar o poder dos intermediários. Ela não é somente palavras. É ação incarnate. E fala por mim. Alguém neste mundo, pensei, fala por mim articuladamente – ou mais ainda – melhor do que eu mesmo pude dizer.
E ela foi uma de minhas “estudantes”. Isso, caros leitores é a essência da Escola de Jornalismo Autêntico.
12 a 15 de fevereiro: Mérida
Todo final é um começo
Enaquanto isso, 26 estudantes de jornalismo autêntico e centenas de outros em torno da Conferência de Legalização das drogas em Mérida falaram por mim sobre um tema que falei mais nos últimos 14 anos: a política das drogas em nossa América. O evento em Mérida representa um fim, de uma certa maneira, e pessoalmente, de uma era para mim.
Seis anos atrás me dirigi ao sul pela fronteira com a América Latina, ficando dois anos “fora da tela,” longe da Internet, longe das salas de imprensa, e vivi com as pessoas que não tinham telas de computador em suas casas. Muitas vezes, as lições de muitos latinos americanos encontraram sua forma de publicação pelo Narco News, lançado no dia 18 de abril, de 2000. Em Mérida começou o processo de juntar tantas fontes e agora, pela primeira vez, estão todos trabalhando juntos e colaborando uns com os outros.
Este evento foi projetado, desde o que concerne minha participação, para eliminar – ou pelo menos para diminuir radicalmente o papel dos – intermediários em particular: Eu. Até que isso fosse feito, não houve maneira alguma de que eu pudesse deixar meu posto e seguir para a próxima missão.
E assim, caro leitor, você pode imaginar meu prazer em ler tantas matérias, agora, no Narco News, escritas por outros, sobre temas e personalidades das quais escrevi por anos. Vivian Mannheimer do Brasil reportou sobre programas de redução de danos na América Latina. Helena Klang, do Brasil e Sunny Angulo, dos Estados Unidos, entrevistaram e fizeram o perfil do ex-general colombiano Gustavo de Greiff, avô do movimento latino americano de legalização da droga. Andrea Arenas, de La Paz, Bolívia, relatou a palavra de Nancy Obregon, líder dos cultivadores de coca no Peru. Arenas também escreveu sobre a palavra do peruano Baldomero Caceres, e ainda outra matéria. Andrea Daugirdas de Nova Iorque e Elizabeth Flores da Cidade do México fizeram o perfil de Ethan Nadelmann sobre seu trabalho no movimento de legalização das drogas nos Estados Unidos. Dan Malakoff de Washington cobriu o painel, que moderei, de nossos jornalistas na conferência de Mérida, Renato Rovai, Luis Gómez, Annie Harrison, Carola Mittrany, Blanca Eekhout e Gary Webb. Ugo Vallauri de Bolonha e Karine Muller do Rio de Janeiro – que também fala italiano – entrevistaram os italianos anti-proibicionistas que vieram a Mérida. O sempre-produtivo Alex Contreras forneceu dois artigos (1,2) em uma série sobre os legisladores que vieram de vários países e propostas de leis de reforma das drogas. Adam Saytanides cobriu o discurso do principal congressista mexicano Gregorio Urias, e relatou também, em inglês, uma perpectiva sobre o trabalho de vários legisladores de diferentes países. Ana Cernov, de São Paulo, entrevistou Maria Mercedes Moreno da organização Mama Coca. Reed Lindsay cobriu o discurso de Fernando Buendía do Equador e conduziu uma entrevista detalhada com ele.
Tampouco podemos nos esquecer, da equipe de rua do Narco News, conduzida pela professora Kim Alphandary, que entrevistou participantes da Conferência de Mérida, e alguns professores mais velhos como Diana Ricci e Stan Gotlieb de Oaxaca, que apesar da tosse forte ou da gripe que sofreu participou dessa longa maratona sem sono. Ou da antiga correspondente de Los Angeles, Bertha Rodríguez, uma nativa de Isthmus de Tehuantepec, que acompanhou don Andrés e sua equipe em uma viajem a um curandero perto de Chichen Itza que, com medicina natural, melhorou os olhos de don Andrés, também durante estes dez dias maravilhosos.
Ashley Kennedy e Charlie Hardy
Fotos D.R. Jeremy Bigwood 2003
Havia também Ashley Kennedy, 33, de Nova Orleães, que escreveu um dos melhores artigos que lí em qualquer revista nos últimos anos: “Um Arbusto Superior,”(The superior Bush) sobre a humilde planta de coca. Seu conselheiro da faculdade, o colunista Charlie Hardy, fêz obviamente um trabalho esplêndido. Acabei de contratar Kennedy para escrever mais para Narco News, caros leitores, e sei que vocês vão gostar muito disso.
Se eu não houver mencionado cada história ainda é porque são muitas – todas merecem ser lidas e muitas serão traduzidas em outras línguas nas próximas semanas. Ainda estamos também editando e publicando histórias de nossos estudantes e professores. Fique ligado!
Enquanto isso, nossa estudante mais nova, Ava Salazar, 18, do Novo México, teve uma atribuição prolongada com nosso professor mais velho. Don Andrés Vasquez de Santiago e don Miguel Alvarez do Congresso Nacional Indígena do México convidaram-na para suas terras a viver com suas famílias, onde terminará seu longo relatório biográfico sobre don Andrés para o Narco News. Há uma simetria aqui: Foi Andrés e Miguel que, seis anos antes, tiveram esse gringo que lhes escreve sob sua proteção.
Adriana Veloso e Mario Menéndez
Fotos D.R. Jeremy Bigwood 2003
Paralelamente, havia outra simetria: Três dos estudantes, Adriana Veloso, 23, de Belo Horizonte, Brasil, George Sanchez, 23, de São Francisco, Estados Unidos e Carola Mittrany, 23, do Rio de Janeiro, tiveram como tarefa passar um extensivo tempo com meu co-réu e mentor Mario Menéndez e relatar sobre como ele publica o terceiro maior jornal diário do México a cada noite. Ao colocar os três jovens de vinte e três anos com o velho leão do jornalismo autêntico, disse-lhe: “Mario, seu trabalho é ensinar-lhes a liderança, assim como você ensinou- me.”
“O jornalismo autêntico,” havia explicado Mario a nossos estudantes durante um almoço no dia 12 de fevereiro no restaurante de Amaro no centro de Mérida, “não se trata do trabalho de uma pessoa; deve ser exercitado por uma equipe. Se você tenta fazê-lo sozinho você terminará isolado, sozinho e cínico como era Giordano quando veio pela primeira vez ao México.”
George Sanchez e Carola Mittrany
Fotos D.R. Jeremy Bigwood 2003
Não é segredo algum aos leitores que estou cada vez mais interessado – certamente obcecado – com a tirania da mídia comercial sobre a vida na terra: a colonização da consciência humana para fazê-la servir em toda parte aos objetivos inumanos do dinheiro em um custo grave s necessidades e aos prazeres básicos do ser humano no mundo inteiro. De fato, é por isso que temos a guerra das drogas, e outras políticas de guerra de dominação, o que causa muita miséria para todos.
Acredito que a menos que resolvamos este problema da tirania da mídia comercial, haverá sempre uma política proibicionista das drogas, ao menos durante o tempo em que as elites econômicas quizerem impor isso. Acredito que, se nos Estados Unidos, começar a surgir um movimento maciço para a legalização das drogas como há na América Latina, que a mídia comercial do Norte tentará massacrá-la. Acredito que esta triste verdade impede todas outras causas decentes da humanidade para uma democracia autêntica, seja a luta dos direitos humanos, da preservação do meio ambiente, da igualdade ou da justiça social. A mídia comercial jogará sempre algumas migalhas para os movimentos sociais, mas se o movimento servir maioria e não apenas elites, a mídia comercial, como diversas outras vezes, no momento em que a vitória estiver próxima, tentará impedir o triunfo popular.
Enfim, como ser humano, cheguei ao limite com a mídia comercial e, como já muitas vezes divulgado nestas páginas, procuro encontrar e desenvolver métodos, maneiras e a colaboração das pessoas para destruir esse poder ilusório.
Nos últimos seis anos meus pensamentos sobre essa crise urgente da mídia evoluíram e refinaram-se. O texto de 1997, “A mídia é a intermediária,” abriu um precedente no pensamento e na ação. O texto de boas vindas de abril 2000 do Narco News começou a dar forma a um projeto mais específico, que cresceu de um website para um fórum internacional com milhões visitas por mês, e um crescente número de colaboradores. A versão revisada do Immedia do verão 2002 – “As massas contra a mídia” – deu início ao nível de pensamento combinado com ação que executamos este mês com a Escola de Jornalismo Autêntico.
E agora as palavras de Blanca Eekhout e seus companheiros da Venezuela iluminaram um fogo dentro de mim para levar esta batalha a um outro nível: uma colaboração; o estabelecimento de “um Estado maior” ou, descrito de forma mais anarquista, de “uma máquina de guerra móvel fora do estado”, esse estudos, esses aprendizados e a ação para esforços tão diversos quanto aqueles da mídia comunitária na Venezuela, do diário Por Esto! do México, da revista Fórum do Brasil, dos vídeos do Guerrilla News e outros… enfim: como mobilizar, agora, as tropas que juntas vieram para a Escola de Jornalismo Autêntico, para unirem-se em um nível mais profundo com esforços maciços através de nossa América para acabar com essa tirania da mídia, e fazer com que ela desmorone agora, já... Basta já!
Sei aonde esta história será encontrada e relatada: Afastada do eixo do poder midiático… Não aqui na tela do computador (ao menos não ainda), ou na tevê ou no rádio, ou na maioria jornais e das revistas. Essa história poderá ser encontrada no oasis da experiência conhecida como a vida diária. E dada a natureza bolivariana deste vento que vem do sul- saltando de muitos cantos de nossa América – o conhecimento do espanhol e do inglês já não é suficiente: devo agora aprender português, porque o Brasil, onde essa língua é cantada, e as mudanças sociais estão vindo em nossa direção, fazem desse esforço agora absolutamente vital.
Chegou a hora em nossa América em que “condições objetivas” fornecem um salto inicial ao nível seguinte para a revolução contra a mídia e os intermediários. Mas para que possa cumprir com este dever, este que busca as notícias no Narco News necessita uma mudança.
É tão importante, agora mais do que nunca, o trabalho do Narco News, e podería deixá-lo a cargo de hoje nosso chefe do departamento andino Luis Gómez, com total confiança, exceção de dois fatores: enquanto Luis fala em meu inglês nativo melhor do que eu em seu espanhol nativo, ele não é assim tão fluente que possa fazer a edição final de nossos artigos de língua inglesa. Segundo, sua vasta experiência jornalística estêve em sua terra natal o México, também na Espanha, nos Andes bolivianos, mas não na Gringolândia – nos Estados Unidos – onde as vagas leis de difamação podem ser uma armadilha perfeita para quando uma difamação nem foi cometida, mas quando as pessoas ricas colocam seus advogados para assediar jornalistas.
Então, caros leitores, o círculo se fechou. Em nosso primeiro dia da Escola de Jornalismo Autêntico em nosso campus litorenho de Isla Mujeres, uma série dos eventos levou-me rapidamente outra decisão.
Na noite de domingo, 16 de fevereiro, o conselheiro do Narco News Tom Lesser conduzia a palestra “Como não ser processado por difamação” com assistência do cofundador do Electronic Frontier Foundation, John Gilmore e de um dos mais antigos clientes de Lesser: eu. Durante essa discussão, Gary Webb participou ativamente, contando histórias de guerra de suas batalhas nos jornais e com os advogados durante os processos de difamação pelos quais passou eu pensei: “Hmmmmmm. Webb compreende a lei de difamação dos Estados Unidos. Webb tem o domínio da língua inglesa. Webb conhece sobre a guerra das drogas. Webb sabe liderar. Webb trabalha duro. E todos aqui realmente gostam de Gary Webb.”
Por que eu não pensei nisso antes? Aqui, agora, na minha frente, havia o jornalista autêntico perfeito para substituir-me no trabalho, já que necessito sair brevemente a fim de seguir com as oportunidades desse momento trazendo a guerra para a casa da mídia comercial, e de aprender a língua do maior país da América Latina – o português do Brasil – terminando o processo começou este mês ao tornar o Narco News um jornal verdadeiramente tri-língue.
Assim que, preciso aprender português e afastar-me desta tela por um tempo, que então posso fazer? Como posso fazer isso, e ainda assim assegurar que o Narco News siga em sua missão com seus leitores?
Caros leitores: Encontrei quem pode substituir-me e seu nome é Gary Webb.
Gary Webb e Luis Gómez
Foto D.R. Jeremy Bigwood 2003
Assim que, na noite de segunda-feira, dia 17 de fevereiro, em nosso jantar no buffet do Restaurante Sombrero d’Gomar (agradecimentos especiais a José Sánchez Matos, chefe de cozinha e gerente do restaurante, para don Jorge Gómez Castilla e dona Teresa Martínez Magana, os proprietários, e muito especial Maria de Los Santos, gerente do Hotel d’Gomar que serviu-nos de campus, para seus serviços profissionais que fizeram muita coisas possíveis), fui até a mesa de Webb, sentei-me, e perguntei-lhe: “Gary, você gostaria de comandar o Narco News por tempo para que possa ir aprender português?”
Falamos sobre os detalhes – quando olhamo-nos olho olho – e marcamos uma reunião para o dia seguinte com nossa equipe. Todas as matérias em língua inglesa passarão agora diretamente para Webb, e as histórias em espanhol por Gómez. Webb e Gómez, juntos, tomarão todas as decisões latino americanas editoriais e políticas conjuntamente. Feder relatará diretamente a Gómez, e publicará as reportagens, que uma vez que editadas, estarão na página do Narco News.
Luis Gómez, Dan Feder, e Gary Webb:
“Master, Webmaster and Webb”
Photos D.R. Jeremy Bigwood 2003
Caros leitores: Como vocês podem ver na quantidade de reportagens no Narco News nas últimas semanas realizadas por um exército intercontinental de jornalistas autênticos, estamos crescendo. Nas semanas seguintes faremos mais anúncios a respeito da expansão de nossa equipe.
Caros leitores: aqui vocês tem os e-mails de nosso time durante minha longa caminhada:
Editor convidado Gary Webb: garywebb@attbi.com
Chefe do Bureau Andino Luis Gómez: narconewsandes@yahoo.com
Webmaster Dan Feder: webmaster@narconews.com
Cartas ao editor: letters@narconews.com
O editor convidado Webb fica até – diz ele (talvez, caros leitores, podemos conspirar para incentivá-lo a permanecer aqui mais por mais tempo?) – dia 15 de abril, quando então eu (e outros, caro leitor, cuja a contratação para a equipe do Narco News será anunciada brevemente) oferecerão alguns planos e ações para aumentar ainda mais a velocidade da revolução contra a mídia e os intermediários. Nossa crença de “reportar sobre a guerra das drogas e da democracia na América Latina” expandirá para: “reportar sobre a guerra das drogas, a mídia e na democracia na América Latina.”
Caros leitores: Não estarei respondendo muitos e-mails, se houverem, durante as próximas semanas, até meados de abril, quando reaparecerei públicamente e Gary Webb me devolverá o bastão. Então, espero, não apenas responder-lhes em espanhol ou em inglês, mas também em português.
Este é o esqueleto de uma equipe muito maior do Narco News que está por vir, que muitos estudantes e professores da Escola de Jornalismo Autêntico, e muitos de vocês que não puderam estar conosco nesta primeira viagem, também estarão envolvidos.
Peço-lhes um favor, caros leitores: dêem a a Gary Webb e Luis Gómez todo apoio e bondade que vocês deram-me nos últimos três anos. Escrevam-lhes com gabarito, com conselhos, histórias, links e idéias criativas. Se pedirem um favor você, faça-os esse favor como sempre fizeram a mim. Se você quiser me enviar uma mensagem, perdão, minha caixa de e-mail irá transbordar nas próximas sete semanas, assim que nem se incomodem. Nossa equipe estará aqui para servir-lhe durante minha caminhada por aí. Qualquer coisa que eu possa fazer por você, eles podem fazer por você.
Enquanto isso, ainda tenho que ganhar meu próprio diploma da Escola de Jornalismo Autêntico do Narco News – nossas estudantes Sunny Angulo de São Francisco e Andrea Arenas de La Paz, Bolívia, que entregaram aqueles lindos diplomas feitos por Jules Siegel a também todos os professores, disseram que ainda não posso ter o meu; tenho que ficar depois da aula – para ir ao nosso campus brasileiro e aprender a pronunciar: Queridos Leitores: Nos vemos em abril!
Andrea Arenas ( esquerda) e Sunny Angulo ( direita)
garantiram que nossos professores também recebessem seus
diplomas. Aqui Michele Stoddard recebe o seu.
Foto D.R. Jeremy Bigwood 2003
Full Disclosure: The author wishes to acknowledge the material assistance, encouragement, and guidance, of The Narco News Bulletin, The Narco News School of Authentic Journalism, publisher Al Giordano and the rest of the faculty, and of the Tides Foundation. Narco News is a co-sponsor and funder of the international drug legalization summit, “OUT FROM THE SHADOWS: Ending Prohibition in the 21st Century,” in Mérida, Yucatán, and is wholly responsible for the School of Authentic Journalism whose philosophy and methodology were employed in the creation of this report. The writing, the opinions expressed, and the conclusions reached, if any, are solely those of the author.
Apertura total: El autor desea reconocer la asistencia material, el ánimo y la guía de The Narco News Bulletin, La Escuela de Narco News de Periodismo Auténtico, su Director General Al Giordano y el resto del profesorado, y de la Fundación Tides. Narco News es copatrocinador y financiador del encuentro internacional sobre legalización de las drogas “Saliendo de las sombras: terminando con la prohibición a las drogas en el siglo XXI” en Mérida, Yucatán, y es completamente responsable por la Escuela de Periodismo Auténtico, cuya filosofía y metodología fueron empleadas en la elaboración de esta nota. La escritura, las opiniones expresadas y las conclusiones alcanzadas, si las hay, son de exclusiva responsabilidad del autor
Abertura Total: O autor deseja reconhecer o material de apoio, o propósito e o guia do Boletim Narco News. a Escola de Jornalismo Autêntico, o editor Al Giordano, o restante de professores e a Fundaçáo Tides. Narco News é co-patrocinador e financiador do encontro sobre a legalizaçao das drogas Saindo das Sombras: terminando com a proibiçao das drogas no século XXI em Mérida, Yucatan, e é completamente responsável pela Escola de Jornalismo Autêntico, cuja filosofia e metodologia foram implantadas na elaboraçao desta reportagem. O texto, as opinioes expressadas e as conclusoes alcançadas, se houver, sao de responsabilidade do autor.
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