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Quem atirou em Luciana?

Controvérsias dão novos rumos ao caso da estudante baleada em universidade


Por Helena Klang
Especial Para O Narco News Bulletin

19 de maio 2003

RIO DE JANEIRO, BRASIL; 19 DE MAIO DE 03: No dia 5 de maio a estudante de enfermagem Luciana Gonçalves Novais, 19 anos, foi baleada dentro da própria universidade, Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. No dia 2 de maio, um traficante do morro do Turano, Adriano Miano, o Sapinho, havia sido morto numa operação não autorizada da Polícia Militar. Fábio Santos da Silva, 25 anos, e Leandro dos Santos Ventura, de 16, estavam desaparecidos. Em represália à ação da polícia, bandidos telefonaram para a universidade obrigando-a a fechar suas portas. A instituição não cedeu à pressão e o resultado foi este: Luciana pode ficar tetraplégica.

O crime parecia muito óbvio. A estudante teria sido baleada por traficantes do morro do Turano, ao lado da Estácio de Sá. Mesmo assim algo tornava o incidente inédito. Luciana não foi atingida por mais uma bala perdida. Naquela segunda-feira não houve nenhuma troca de tiros entre bandidos e policiais. A estudante era alvo.

O jornal O DIA chegou a publicar que o objetivo não seria atingir Luciana, mas o líder do diretório acadêmico de estudantes da Estácio que, segundo o jornal, teria envolvimento com drogas. Em nenhum momento foram questionados os autores do crime. Tanto a polícia quanto a opinião pública atribuíam a culpa a narcotraficantes. A gravação de uma conversa telefônica divulgada pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, dois dias após o incidente, revelou que traficantes do Turano planejavam um ataque à Estácio há muito tempo. As gravações foram feitas pelo Departamento de Investigações Sobre Narcóticos (DENARC) mas o chefe da polícia civil, delegado Álvaro Lins, desconhecia a existência das fitas.

A polícia continuou trabalhando com a hipótese de que o tiro teria partido da favela. Porém, imagens gravadas pelo circuito interno de TV da universidade, reveladas pelo Jornal O GLOBO, e o exame balístico demonstraram que a distância entre morro e o ponto onde Luciana se encontrava era muito longa, 600 metros. Portanto, o tiro saiu de dentro da universidade. O exame também revelou que a bala utilizada era de revolveres calibre 40, de uso exclusivo de autoridades policiais e judiciárias, o que reforçou a versão de que o tiro não veio do Turano.

No decorrer da história, foi descoberto que as fitas gravadas entregues a polícia haviam sido adulteradas. Faltavam exatamente as imagens do momento do crime. Percebeu-se que as fitam foram editadas. As atenções se voltaram para a firma de segurança responsável pelo circuito interno de TV, a Tele-Segurança. Quem pegou as imagens, levou-as à empresa e depois entregou à polícia foi Marcos Ripper, inspetor policial da 160 Delegacia de Polícia (Tijuca).

Marcos Ripper possui um revolver calibre 40. Ele declarou a polícia que não trabalhava para Estácio de Sá. Dias depois de seu depoimento, voltou atrás assumindo que prestava serviços informais à universidade. Como muitos policiais, aumenta seu orçamento mensal trabalhando em firmas de segurança privada. Um fator torna mais curiosa a situação do policial: Marcos Ripper é cunhado de Artur da Távola, Chanceler da Estácio de Sá.

No dia do crime, a perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) pediu cópias das fitas e um CD foi entregue por Carlos Ferreira, funcionário da Tele-segurança, à guarita da Vigban, empresa que faz segurança patrimonial do campus da faculdade. Marcos Ripper teve acesso ao CD e só o entregou à polícia cinco dias depois. Já foram recuperadas as imagens adulteradas, contudo, os peritos estão tentando melhorá-las para possivelmente comprovar o autor do disparo.

No sábado 17, o inspetor foi à delegacia logo após as declarações de Anthony Garotinho ao jornal O GLOBO de sexta feira, secretário de segurança do Rio de Janeiro, de que estaria envolvido no caso. Marcos disse que não estava na Estácio no momento do disparo e chorando, declarou ser inocente.

Duas semanas após Luciana ter sido ferida, o caso, que antes era tão óbvio segundo a mídia e a polícia, ainda não foi desvendado. Parecia natural culpar narcotraficantes pelo occorido. A sociedade já está condicionada à esta resposta. Mas, a possibilidade de ter sido um policial atirando em alguém com a sua arma de trabalho, foi um tapa na cara de autoridades públicas e da sociedade em geral.

Segundo médicos, Luciana Novais, que passou por três cirurgias, teve a terceira vértebra atingida. Seu estado de saúde é estável, mas ela continua respirando com a ajuda de aparelhos. Por enquanto, a previsão é de que a estudante fique tetraplégica.

Helena Klang é bolsista da Escola de Jornalismo Autêntico de Narco News

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