The Narco News Bulletin

August 15, 2018 | Issue #40  
 narconews.com - Reporting on the Drug War and Democracy from Latin America
  

Porque os indígenas do México lutam por autonomia?

Uma breve introdução

Por Daniela Lima
Da Brigada "Ricardo Flores Magón" para Narco News

10 de fevereiro 2006
Esse artigo foi publicado originalmente na Internet em http://www.narconews.com/artigo.php3?ArtigoID=1613

Oaxaca, o estado mexicano com dos maiores números de municípios indígenas do país, conta também com um diversificado leque de organizações sociais, que vêm trabalhando juntas para a difusão da Otra Campanha em diferentes partes do estado.

Como estratégia de luta, a fim de construir um projeto nacional estas diferentes organizações vêm fazendo alianças entre setores socias distintos como indígenas, campesinos, trabalhadores e estudantes.

O histórico de criação das organizações indígenas e movimentos rurais, datados da década 70, estão diretamente relacionados a questão fundiária e a politica governamental de " desenvolvimento econômico agropecuário", que consistiu na expulsão dos grupos rurais e indígenas de suas respectivas áreas, gerando assim fortes problemas sociais e ambientais como concentração de terras, desemprego, pobreza, perda de línguas, costumes, apropriação de áreas de florestas, entre outros.

Tais problemas, trouxeram à tona uma conscientização política ànivel regional e nacional nos anos 70 em defesa das questões identitárias e culturais, na retomada dos territórios, recursos naturais e na busca de autonomia, visto que a forma de organização política, a qual os indígenas estão submetidos nos munícipios, não leva em consideração a participação e representação dos indígenas nos assuntos e questões que os afetam diretamente.

A criação de tais municipios por parte do estado, foi um tática do governo que visava a homogeneização étnica da população, ou seja, a incorporação dos grupos indígenas ao restante da sociedade, para tanto os municipios eram compostos com indígenas de diversas etnias e principalmente com mestiços e criollos, os quais mantinham o domínio politico e administrativo dos locais.

A partir dos anos 90 esse sistema de controle dos municipios começam a gerar fortes conflitos devido a presença dos caciques que através da relação de subordinação e dependência com os indígenas se apropria dos recursos naturais e econômicos das comunidades para controlar o comércio regional. Além do fato de os caciques manterem relações diretas com o PRI ( Partido Revolucionário Institucional, que esteve no poder por mais de 70 anos) que vê na presença dos caciques uma forma de controlar policamente a população. Os cargos municipais são registrados no PRI como afiliados a este Partido, ou seja há um vinculo evidente de dominação entre Partido politico e municipios. O Partido tira vantagens, incorporando os indigenas ao processo eleitoral como seus aliados.

Atualmente, as comunidades e organizações lutam para sua auto gestão e protestam contra os presidentes municipais e seus colaboradores acusados de corrupção, nepotismo e irregularidades administrativas.

O projeto neoliberal e a politica de descaracterização cultural das comunidades por parte do estado segue fortemente ate os dias atuais, como é o caso da criação do parque arqueológico de Monte Albán no estado de Oaxaca, considerado um dos pontos mais turísticos do estado. O parque, pertencente ao Instituto Nacional de Antropolgia está localizado no centro de uma comunidade, que vem sofrendo os impactos sócio culturais das atividades arqueológicas de escavação que tiveram início em 1930 nas montanhas consideradas locais sagrados para os habitantes originários daquele lugar. A região de Monte Albán, no entanto só tem 10% de sua área explorada e faz parte de um ambicioso projeto governamental que pretende transfomar a área num grande espaço turístico, desapropriando assim a população local.

Apesar das grandes dificuldades enfrentadas pelas organizações e comunidades indígenas como opressão do estado, coorporativismo dos partidos politicos, caciquismo, entre outros, há uma forte resistência por parte dos grupos na luta pelo projeto nacional em busca de autonomia, a qual o levante zapatista em 1994 e a difusão da Outra Campanha são fatores essenciais para o fortalecimento das organizações índigenas já existentes e para legitimar o debate público em torno de um projeto nacional de autonomia.



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