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Mama Coca

María Mercedes Moreno traz a voz do povo colombiano para a Internet


Por Ana Cernov
Bolsista da Escola de Jornalismo Autêntico do Narco News

17 de fevereiro 2003

A pesquisadora e ativista María Mercedes Moreno veio à Mérida para trocar idéias sobre a situação colombiana e levar para casa alianças estratégicas com gente de todas as Américas e Europa para lutar contra a Guerra às Drogas. Como ela diz: “Estamos tentando nos juntar. Já trabalhamos com peruanos e bolivianos, e conseguimos espaço no Brasil, o que é maravilhoso por causa da diferença de idioma e da não-existência de coca.”


María Mercedes Moreno
Fotografia de Jeremy Bigwood 2003 (direitos reservados)

Moreno é parte do Coletivo Mama Coca, um grupo de pesquisas que reúne acadêmicos, pesquisadores e ativistas e foi criado com a missão de gerar espaços para o debate de questões colombianas, especialmente a crescente militarização do país e a destruição do meio-ambiente na região Andina. A fim de aumentar estes espaços, em 2001, foi criado o web site http://www.mamacoca.org.

Conversei com esta professora cheia de energia em um Café na cidade de Mérida, pouco antes das conferências desta quinta-feira.

Ana Cernov: Como foi iniciado o Projeto Mama Coca?

María Mercedes Moreno: Basicamente, começou como uma reação ao Plano Colômbia. Formamos o que foi chamado de Rede de Cultivos Ilícitos (Illicit Crops Network) a fim de fazer circular informações, e após um curto espaço de tempo, o que chamou nossa atenção foi a quantidade de informações, de qualidade, que estava circulando. A criação do web site foi uma forma interessante de mostrar isso, e também de iniciar o debate público. E isto é extremamente importante na Colômbia; por causa da guerra, é muito difícil criar espaços para discussão, as pessoas não têm tempo.

O que começou na Colômbia se espalhou. Agora temos participantes da Europa e de todas as Américas debatendo assuntos correlatos conosco.

Ana Cernov: Qual é a posição do Coletivo Mama Coca em relação à legalização das drogas?

María Mercedes Moreno: Isto é difícil [de responder]. O Mama Coca é um espaço acadêmico com o qual muitos ativistas e líderes comunitários estão ligados, mas é um site para criação de debate. Por esta razão, o site em si e as pessoas envolvidas no projeto não têm necessariamente uma posição única. Somos muitos e não há um consenso nisso. O único ponto comum é que temos que parar com a Guerra às Drogas de qualquer forma possível, mas isso não significa necessariamente legalização.

A única coisa que queremos, por enquanto, é a descriminalização dos pequenos produtores e consumidores. Nosso maior interesse é no plantador que não possui nem a terra onde cultiva coca e papoula, ganha muito pouco no processo inteiro, mas não tem outras opções. Não só sua subsistência é criminalizada, eles ainda são atacados por todos os lados: pelas forças militares (regulares e paramilitares), pelas guerrilhas e também pelo ar com a fumigação das plantações.

Pessoalmente, não concordo com a legalização para todas as drogas. O que eu quero é que a coca, a papoula e a maconha fiquem de fora da lista de substâncias ilegais, porque são parte da natureza.

Ana Cernov: Existe na Colômbia uma cultura relacionada à folha de coca?

María Mercedes Moreno: Em algumas partes do país, como Calderas e a região norte, há culturas tradicionais ligadas à folha de coca. Fora daí, é uma parcela muito pequena da população. Mas é uma minoria que existe.

Quero insistir nisso porque a maioria dos estudos diz que a Colômbia não possui uma cultura relacionada à folha de coca. Bem, possui, não tanto quanto os outros países andinos, mas possui. E isto é um problema para o país; as pessoas dizem que defender a folha de coca é um problema relacionado às drogas, esquecendo que há uma cultura tradicional ligada ao cultivo da folha de coca.

As pessoas dizem que é uma questão de narcóticos e que então não podemos fazer mais nada. Claro que podemos! É interessante…a cultura da folha de coca está se tornando cada vez mais popular agora. Tornou-se um símbolo de identidade. Muitos jovens que não são descendentes das populações tradicionais estão mascando folha de coca, e o fazem porque o ato é reprimido.

Ana Cernov: Você concorda com a classificação em países produtores e países consumidores de drogas?

María Mercedes Moreno: O que temos que encontrar é um eixo comum. Temos que lutar juntos e a maneira de fazer isto não é falando sobre países produtores ou consumidores de drogas. Os Estados Unidos produzem tantas drogas, são seus próprios fornecedores e um dos maiores produtores de drogas sintéticas.

Nos países andinos, esta teoria [de separação entre países produtores e consumidores de drogas] é aceita porque é muito conveniente para seus políticos. A vantagem é que conseguem apoio militar e os projetos de ajuda permitem que retirem parte das verbas para uso pessoal. Foi isso que o ex-presidente Andrés Pastrana fez na Colômbia; o Plano Colômbia significou muito dinheiro para a classe política, para as forças policiais e para o Exército.

Ana Cernov: A maior parte do pacote de ajuda do Plano Colômbia era para propósitos militares, certo?

María Mercedes Moreno: Bem, necessitamos aclarar algo sobre o Plano Colômbia. O Plano Colômbia não é um pacote de ajuda, estamos sendo cobrados por isto. A Colômbia está comprando helicópteros – os Blackhawks e os Hueys. Estamos pagando a maior parte. Este plano não foi um presente dos Estados Unidos. Além dos equipamentos militares, os Estados Unidos têm uma porção de outras exigências para a Colômbia. Eles estão treinando o Exército colombiano e também mantém mercenários da DynCorp, que chamam de (contractors).

O Plano Colômbia nunca será proveitoso para o país. Começou como cópia da iniciativa do Plano de Desenvolvimento da Bolívia, e era para contemplar o desenvolvimento econômico e social da nação. As pessoas no meu país perceberam que isto era necessário, porque menos de dez porcento dos colombianos detém tudo e o resto da população não tem sequer um pedaço de chão para chamar de seu, para poder dizer “este é meu país”.

Então, o plano foi criado e Pastrana o levou consigo aos Estados Unidos, mas lá disseram “está certo, vamos melhorá-lo” e o transformaram em um plano anti-narcóticos dizendo que estavam tratando de fortalecer o Estado. As instituições estatais fortalecidas significam maior credibilidade, e no caso da Colômbia estas são muito corruptas. Assim, o Plano Colômbia tornou-se um movimento contra-insurgencial. Era perfeito para lidar com as guerrilhas…

Ana Cernov: E os paramilitares?

María Mercedes Moreno: Temos agora na Colômbia um presidente paramilitar. Uribe tem laços com este grupo. E mesmo com os paramilitares tendo sido colocados na lista norte-americana de organizações terroristas, os Estados Unidos estão abertos ao diálogo com eles. Isto se dá porque Carlos Castaño se entregou ao governo norte-americano e se comprometeu a não traficar mais narcóticos. A questão toda gira em torno do controle do narcotráfico, diz-se que é por manutenção de valores democráticos, mas é por controle desta indústria. Não é a luta contra o narcotráfico, é apenas para controle de território.

Ana Cernov: Você acredita que a Colômbia constitui uma ameaça à segurança regional das Américas (como dizem os Estados Unidos)?

María Mercedes Moreno: Há diversas teorias sobre isso. Por exemplo, Ricardo Soberón García tem uma teoria de que a idéia de [uma possível] expansão do conflito para os outros países andinos ajudou os Estados Unidos a imporem a solução militar à questão, como fizeram no Iraque. É uma estratégia para fortalecer o controle norte-americano. Encontrar uma solução para proteger o continente é a nova estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos. E é uma estratégia de segurança nacional que age fora de suas fronteiras. Se pensarmos sobre isso, os Estados Unidos são a maior ameaça: eles têm armamento nuclear, têm um maníaco – um maníaco ignorante – no poder, que foi indicado por um grupo de políticos e não eleito. Eles são provavelmente a maior ameaça à paz mundial.

E os pequenos produtores têm todo o direito de trabalhar para sobreviver, e se for com folhas de coca, ou coca para o narcotráfico, acredito (minha opinião e não do Mama Coca), que eles estão no seu direito. Poxa, a coca-cola não é um produto saudável. E porque alguém decidiu que a coca (não estou falando de cocaína) é algo ruim, a Colômbia está sendo quimicamente bombardeada com a fumigação.

E a Colômbia ainda é considerada uma democracia estável, o que é falso já que o que temos é uma democracia oligárquica. O pai de Pastrana também foi presidente. Quando é que isso vai mudar? Qualquer um que não é co-optado tem que sair do país ou ficar e ser morto. Isto não é uma democracia. É um sistema político herdado, das mesmas pessoas para as mesmas pessoas. A Colômbia não é uma democracia. E em relação dos Estados Unidos, eles necessitavam de mais uma cruzada para seus guerreiros.

Full Disclosure: The author wishes to acknowledge the material assistance, encouragement, and guidance, of The Narco News Bulletin, The Narco News School of Authentic Journalism, publisher Al Giordano and the rest of the faculty, and of the Tides Foundation. Narco News is a co-sponsor and funder of the international drug legalization summit, “OUT FROM THE SHADOWS: Ending Prohibition in the 21st Century,” in Mérida, Yucatán, and is wholly responsible for the School of Authentic Journalism whose philosophy and methodology were employed in the creation of this report. The writing, the opinions expressed, and the conclusions reached, if any, are solely those of the author.

Apertura total: El autor desea reconocer la asistencia material, el ánimo y la guía de The Narco News Bulletin, La Escuela de Narco News de Periodismo Auténtico, su Director General Al Giordano y el resto del profesorado, y de la Fundación Tides. Narco News es copatrocinador y financiador del encuentro internacional sobre legalización de las drogas “Saliendo de las sombras: terminando con la prohibición a las drogas en el siglo XXI” en Mérida, Yucatán, y es completamente responsable por la Escuela de Periodismo Auténtico, cuya filosofía y metodología fueron empleadas en la elaboración de esta nota. La escritura, las opiniones expresadas y las conclusiones alcanzadas, si las hay, son de exclusiva responsabilidad del autor

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